(Jovem sírio vende latas de atum e outros alimentos no campo de refugiados de Zaatari, na Jordânia, país que se prepara para possível retaliação de Assad em caso de intervenção americana KHALIL MAZRAAWI / AFP)
AMÃ - Apesar de a Jordânia ter dito publicamente que não quer interferir nos assuntos internos da Síria e que não será parte de um ataque liderado pelos Estados Unidos, suas Forças Armadas estão em estado de alerta. A Casa Branca já revelou que treinou rebeldes das facções moderadas em solo jordaniano, e que o grupo atravessou a fronteira para combater o regime de Bashar al-Assad.
Fontes de inteligência ocidental indicam que os EUA treinaram grupos sírios com armamento antitanque, antiaéreo e mesmo ensinando a manejar material químico, devido aos supostos grandes arsenais de Assad. Depois de um exercício militar em junho, o Pentágono deixou na Jordânia várias baterias de mísseis Patriot, pelo menos 12 caças F16 Falcon da Força Aérea americana, e 700 soldados, tudo como precaução para uma possível extensão do conflito sírio.A Jordânia conta com um firme respaldo do Pentágono, que enviou caças, mísseis e soldados para o país. O alinhamento sólido com os Estados Unidos faz do país um possível alvo de represálias do governo sírio, que já disse, repetidas vezes, ter detectado a entrada de esquadrões rebeldes pela fronteira com o país, que tem um total de 375 quilômetros. De acordo com estimativas governamentais, há 600 mil exilados sírios em território jordaniano, e a maioria é simpática aos rebeldes. Em meio a eles estão milicianos que cruzaram os limites entre os dois países, depois de serem feridos, para receber tratamento em campos de refugiados e hospitais civis.
Os militares da Jordânia insistem que a presença de soldados e material americano é parte de um plano de contingência e proteção em caso de possíveis agressões externas
- A Jordânia tem o direito de proteger suas fronteiras e tem uma aliança com amigos como os EUA, a quem explicamos os motivos para preparar nossa própria defesa. O equipamento americano não está aqui para o ataque, senão para uma possível defesa - disse o general Hussein al Zyoud, comandante das tropas de fronteira.
Os primeiros reforços americanos desembarcaram na Jordânia em 2012. Segundo um ex-oficial de segurança da Jordânia que não quis ser identificado, 150 especialistas do Pentágono chegaram ao país para ajudar no fluxo de refugiados. Na época, apenas 180 mil sírios haviam cruzado a fronteira.
As tropas americanas também criaram um plano de contingência que inclui a criação de uma zona de isolamento no sul da Síria para proteger a Jordânia e refugiados de possíveis ataques de Assad.
Nos últimos dias, o regime sírio intensificou os ataques com artilharia no sul do país, de acordo com grupos de oposição como os comitês de coordenação local. A ação isolou 50 mil sírios que pretendiam fugir para a Jordânia diante da iminência de um ataque ocidental.
Em uma reunião com o chefe de Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, Martin Dempsey, o rei Abdullah e o chefe do Estado-Maior jordano, Mashal al Zaben, pediram a Dempsey assistência militar e de inteligência para aumentar a segurança na região. O americano disse que não considerava o envio de drones ou de aviões não tripulados, mas que havia discutido com os dois a possibilidade de ajudar o país com aviões tripulados de reconhecimento.
http://oglobo.globo.com/mundo/jordania-se-prepara-para-guerra-na-siria-9867164
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