Quando a organização terrorista Al Qaeda, então liderada por Osama bin Laden, fez os ataques de 11 de setembro, uma questão política foi amplamente debatida. “Como os EUA perderam o controle de um grupo que eles mesmos treinaram e para quem forneceram armamentos durante mais de 20 anos?”
O ponto de partida foi a invasão soviética do Afeganistão (também conhecida como guerra afegã-soviética) que durou de 25 de dezembro de 1979 a 15 de maio de 1988. Durante esse tempo as tropas soviéticas apoiaram o governo do Afeganistão. Por sua vez, a CIA estava do lado de grupos extremistas como o Talibã e a Al Qaeda, que procuravam derrubar o regime comunista no país. O mundo ainda vivia o contexto da Guerra Fria. Estudiosos acreditam que o alto custo econômico e militar desta guerra contribuiu consideravelmente para o colapso da União Soviética em 1991. Durante esta guerra de 9 anos, morreram 1 milhão de afegãos e cerca de 5 milhões refugiaram-se nos países vizinhos.
O extremismo muçulmano foi estabelecido como norma no país. Após a invasão americana, em 2001, durante o governo de George Bush, justificada como represália ao 11 de setembro e a tentativa de capturar seu antigo aliado, Osama. Em 2003, forças internacionais, lideradas pelos Estados Unidos, invadiram o Iraque para depor Saddam Hussein, sob a acusação de o líder iraquiano possuir armas de destruição em massa e de ter ligações com a Al-Qaeda.
Barack Obama assumiu a presidência em 2009 e prometeu que retiraria as tropas americanas do Afeganistão e do Iraque. No mesmo ano recebeu o Premio Nobel da Paz “pelos seus extraordinários esforços para reforçar o papel da diplomacia internacional e a cooperação entre os povos”.
A CIA continuou seu trabalho no Oriente Médio, fornecendo armas e treinamento para líderes que defendessem seus interesses, na grande maioria muçulmanos. Sempre existiram informações de que os EUA atuaram como os maiores “arquitetos” das mudanças revolucionárias iniciadas em dezembro de 2010, na chamada Primavera Árabe. O movimento influenciou radicalmente a vida em países como Tunísia, Egito, Algéria, Líbia e Iêmen.
Em 2011, foi a vez da Síria testemunhar o início de uma guerra que visava derrubar o governo de Bashar Al-Assad. Apoiado pela Rússia, o exército sírio trava uma batalha sangrenta contra as forças rebeldes do Exército Livre da Síria, fortemente influenciado por organizações como a Al Qaeda. De modo geral, eles são chamados pela imprensa de “rebeldes sírios”, mas na verdade são uma frente que reúne diversos grupos jihadistas, muitos deles vindos de outros países.
Desde que o presidente Obama começou a falar em intervenção americana em solo sírio, jornais como o Wall Street Journal tem denunciado que agentes da CIA estão armando os rebeldes que combatem o regime de Al-Saad. Os americanos oferecem, via Jordânia, armamento, munições, equipamento militar e de comunicação, além de veículos e kits médicos.
Entretanto, a história mostra que o presidente Bashar herdou o poder de seu pai, Hafez al-Assad. Embora quando jovem tenha estudado na antiga União Soviética, Hafez só se tornou presidente quando foi apoiado pelos EUA no golpe de Estado em 1971. Só saiu do poder quando morreu, em 2000.
É na trajetória política de Hafez que se encontram muitas das respostas. Ele ingressou no Partido Baath em 1946 e foi nomeado chefe das Forças Aéreas em 1964. Enquanto ocupava este cargo, a Síria sofreu uma grande derrota, durante a Guerra dos Seis Dias, que uniu em 1967, Egito, Jordânia e Síria contra o vizinho “incômodo”, Israel. Mas no terceiro dia de luta, a Síria caiu sob o domínio de Israel e no final perdendo quase toda sua força aérea e inclusive parte de seu território (as Colinas de Golan).
A guerra enfraqueceu o poder do governo da Síria e abalou a economia, o que facilitou o golpe liderado por Hafez quatro anos depois. Buscando vingança, aliou-se com o Egito em 1973, para uma nova ofensiva militar contra Israel, na chamada Guerra do Yom Kippur, na tentativa de recuperar o território perdido. Foi novamente derrotado e suas relações com os EUA, aliados de Israel, foram seriamente abaladas. Como consequência, aproximou a política de seu governo à Rússia (na época ainda URSS), que permanece até hoje sendo o maior aliado da Síria.
Não é por acaso. A Rússia é hoje o segundo maior exportador de armas do mundo, atrás apenas dos EUA. Um de seus maiores clientes é a Síria, que antes do início da guerra civil, em 2011, comprou baterias antiaéreas Buk-M2E, sistemas de defesa antiaérea Pansir-S1, helicópteros de ataque e caças Mig-29, além de um número não revelado de armas e munição.
Como tem sido amplamente divulgado nos últimos meses, a Síria tem o terceiro maior arsenal de armas químicas do mundo (estimado em 1.000 toneladas de agentes químicos e biológicos). Só perde para os EUA e a Rússia. E foi justamente o uso de armas químicas pelo presidente Assad, matando mais de 1.000 adultos e cerca de 400 crianças. Fato que gerou comoção mundial e ofereceu ao governo americano a melhor justificativa de invasão.
A primeira resposta do governo sírio sobre essa possibilidade, no final de agosto, foi “Se a Síria for atacada, Israel pegará fogo, e nosso ataque envolverá nossos vizinhos [Irã, Turquia, Egito, Jordânia]. Os cidadãos americanos e os judeus de todo mundo sofrerão imediata retaliação”. Imediatamente, o Irã fez eco. “Se os EUA atacarem a Síria, as chamas da ira dos revolucionários se voltarão para o regime sionista”, assegurou Haqiqatpur Mansur, influente membro do parlamento iraniano. Estaria aceso o estopim na instável situação política do Oriente Médio, com consequências em todo o mundo.
Contudo, a opinião pública nos EUA é amplamente desfavorável a mais uma guerra. Se os EUA decidirem invadir, é inevitável que os soldados americanos terão de lutar ao lado dos soldados Exército Livre da Síria, liderados pela Al-Qaeda. Essa possibilidade teve forte rejeição nos EUA, gerando inclusive uma campanha de soldados que se negaram publicamente a fazê-lo. Entre as denúncias levantadas por jornais como o Washington Times é que o Exército Livre na verdade é a junção de vários grupos de extremistas muçulmanos.
Ao mesmo tempo em que lutam conta o exército de Bashar, tem invadido, queimado casas e igrejas de cristãos, além de decapitar publicamente todos os que não se converterem ao Islã.
A denúncia mais recente é que eles estão usando “crianças-soldados”, que vão para a frente de batalha a partir dos 14 anos de idade.
A divulgação de imagens de cristãos sendo executados pelos rebeldes financiados com dinheiro americano tomos outra proporção, noticiou o Wall Street Journal esta semana. Uma das questões levantadas é como o dinheiro de um país cuja maioria da população se diz cristã, incluindo o presidente Obama, pode ser usado para manter extremistas muçulmanos que estão prometendo matar todos os cristãos sírios que não se converterem ao Islã?
O mesmo vale para a Inglaterra e França, que continuam fornecendo armas e dinheiro aos rebeldes.
A denúncia mais recente é que um grupo do Exército da Síria, chamado de Unidade 450, que comanda o centro de pesquisa que gere as armas químicas do regime de Al-Saad está aproveitando a “trégua” proposta pela Rússia e pelos EUA. Enquanto as superpotências decidiram que a Síria não será invadida se entregar ou destruir suas armas químicas, a Unidade 450 trabalha incessantemente para espalhar o arsenal de armas “sujas” pelo país. Segundo agências de inteligência da Europa, elas estão sendo levadas para cerca de 50 localidades diferentes. O objetivo é impedir que sejam destruídas todas de uma vez por ataques americanos. Assim, poderiam ser usadas contra os soldados invasores e contra Israel. Seria o “plano B” de Assad e seu exército.
Não há inocentes em uma guerra, tanto o apoio da Rússia quanto dos EUA tem objetivos econômicos e políticos. Embora não seja um grande produtor de petróleo, a Síria faz parte da Liga Árabe, que controla a maior parte do petróleo produzido no planeta. Além disso, está situada perto de importantes oleodutos e rotas marítimas usadas para transportar uma fatia importante do petróleo mundial.
A imprensa mundial acompanha de perto a situação, mas a maior parte evita falar ou minimiza os relatos de massacre dos cristãos e ameaças a Israel. Obviamente, para não “influenciar” a opinião pública. Agências de notícias independentes constantemente divulgam informações sobre a guerra que envolve principalmente duas facções muçulmanas: alauitas (favoráveis ao governo) e sunitas (rebeldes). Enquanto isso, Israel diz não estar sendo ouvido, mesmo sabendo que será um dos primeiros a sofrer com as consequências. Com informações de BBC, Washington Times, Jerusalém Post Wikipedia e Story Leak.
por Jarbas Aragão
http://noticias.gospelprime.com.br/eua-guerra-siria-cristaos/
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