Os ataques a igrejas no Egito têm unido cristãos e muçulmanos que, juntos, tentam impedir a depredação de templos históricos como foi no caso da igreja copta de Santa Maria Ardel Sherka, localizada no bairro El Zawya el Hamraa, na capital do país.
Os jovens Fadi, cristão de 25 anos, e Mahmoud, muçulmano de 27, se conheceram tentando impedir que os extremistas muçulmanos invadissem o local. Juntos com dezenas de fiéis das duas religiões eles conseguiram dispersar os manifestantes.
“No início éramos na maioria cristãos, mas aos poucos foram chegando mais muçulmanos para nos ajudar. Disseram que a destruição de igrejas era um atentado contra todos os egípcios e que era dever dos muçulmanos defender seus irmãos coptas”, relata Fadi.
Para poder defender a igreja eles usaram pedras e pedaços de paus. O confronto durou cerca de 45 minutos e muitas pessoas ficaram feridas. “Fadi ajudou um amigo meu que havia levado uma pedrada. Prometi que voltaria nos dias seguintes para ajudar um grupo a fazer vigília para defender a igreja. Foi aí que ficamos amigos”, lembra Mahmoud.
Em outra ocasião esses jovens jamais se conheceriam, pois além da diferença religiosa há uma grande diferença social entre eles. Fadi vem de uma família de classe média e está cursando direito. Já Mahmoud não conseguiu entrar para a faculdade de engenharia e trabalha na padaria da família.
Mas as diferenças religiosas e sociais não foram suficientes para afastar diversos grupos de muçulmanos e cristãos que se formaram em defesa do país. Assim como aconteceu no Cairo, em outras cidades como Minya, Suez, Fayoum e Alexandria a população se uniu para evitar que igrejas e centros comunitários administrados por elas fossem destruídos.
A revolta contra os cristãos partiu do grupo de apoio a Irmandade Muçulmana, depois que Mohamed Mursi foi deposto e alguns líderes do grupo extremista foram presos os apoiadores começaram a perseguir cristãos e tentar declarar que o país é uma nação muçulmana.
A polícia tem agido na tentativa de dispersar esses grupos que estão espalhados por todo o Egito. Uma operação realizada no dia 14 de agosto deixou centenas de mortos.
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